sábado, 20 de março de 2010

Mestre Jaquim II

Lembrei-me de uma história, verídica, que presenciei, há alguns anos (bastantes…) no barbeiro que mensalmente visitava o Mestre Jaquim.

Naquele tempo, todos os machos e aspirantes, aos Sábados, reuniam-se no período matinal (pelo menos aqueles que conseguiam sair da cama ou do coma alcoólico) no antro de vícios futebolísticos e mulherengo. Ali trocava-se e assimilava-se informação importante, para além de novas perspectivas desportivas e, também (e por vezes) de vida.

Estas procissões de inicio de fim-de-semana, como ritual pagão que eram, traziam tranquilidade de espírito a quem por lá abancava, não obrigatoriamente para cortar o cabelo ou barba, apenas estar ali!

Estas reuniões periódicas no estabelecimento do Mestre, provocava a inevitabilidade de ele saber mais, da vida de cada um, do que os próprios.

Certo dia, de semana, em que esperava pela minha vez para a tosquia, deparo com um cliente que interrogava o Mestre, da razão pela qual diferenciava os cumprimentos que devolvia aos transeuntes que passavam.

Ao que o Mestre Jaquim referiu:

- Os que cumprimento com “Olá! ” nada têm com que se preocupar. Os que saúdo com “Olé!” estão a ser enganados pelas mulheres, ou então é “fatal como destino” acontecer muito em breve.

Por coincidência passei no dia seguinte à porta do Mestre Jaquim, ao mesmo tempo que o rapado cliente que o tinha questionado na minha presença, e ao cumprimentar, de longe, o astuto baeta, recebeu um sonoro “Olé!”.

Parou de imediato o freguês e com ar curioso e ao mesmo tempo aflito, perguntou: “O quê? Também sou “Olé!”?

De imediato o ardiloso escanhoador se desfez em desculpas: “Desculpe-me ò António, por respondido “Olé”, o que pretendia dizer era “Olé ó larilóléeeee”!!!

Nunca mais vi o tal cliente, nem a mulher, e fiquei atento às possíveis próximas dicas, mas para meu infortúnio, depois de se saber deste episódio, nunca mais ninguém saudou o pobre do linguareiro…não fosse o diabo tece-las…!

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