A vingança serve-se fria e com gás

Ora, caríssimo Dolviran, ao ler o seu mui elucidativo post (Mestre Jaquim I), na sua parte final refere-se ao estabelecimento contíguo ao Cabeleireiro e veio-me á cachimónia um daqueles momentos únicos vividos num desses tascos não só de venda das Fêveras, nome como são conhecidas pelos rabetas as febras, mas igualmente de Coiratos e outras partes do porco que não quero agora mencionar, mas que têm nomes másculos, tascos estes que constituíam a base da nossa formação viril e onde sabiamente junto dos mais velhos íamos beber muita informação e igualmente muitas cervejas.

Naqueles dias, um gajo descia do 3º Andar vindo da visita à Gorete, vínhamos com uma fome descomunal fruto do desgaste desenfreado a que éramos submetidos naquelas visitas.

Ao lado lá estava a tasca do Marreco, chamávamos-lhe assim porque o dono tinha uma corcunda do tamanho duma abóbora. Durante anos a malta sentava-se e gritava, Ó marreco trás aí uns “coiros” e umas “bejecas”, sempre que pedíamos algo, lá gritávamos alto e bom tom...

Ó marreco…trás…

Um dia, já saciados de tudo, Gorete + Coiros + Jolas (muitas), o Tozé já ‘ca tosga levanta-se e diz numa voz completamente distorcida:

• Eh pá, ó pessoal, a malta já aqui vem há quase seis anos, e nem sequer sabemos o nome do marreco.
• Pois é, disse eu, virei-me e chamei-o. Ó ‘migo chegue-se aqui sachavor.
• Então qu’é que vai ser agora?
• Olhe lá, o pessoal ’tava aqui a falar e reparámos que nã nos lembramos do seu nome, é sempre ó marreco isto, ó marreco aquilo, decidimos que a partir d’hoje o meu amigo vai passar a ser chamado pelo seu nome, ok.
• Aaaah é, então ‘ta bem,  então aqui o Manel promete que também a partir de hoje não vai mas pôr a pixota nas vossas imperiais como vingança, ok.

…dassssse.