quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

FODA-SE, LEVEI 40 MINUTOS DE SANTA APOLÓNIA ATÉ AO CAIS DO SODRÉ

Lamentava-se há dias alguém, que tinha levado 40 minutos para fazer um percurso de 2,6 Km, de pé, a bordo do Autocarro nº 28 da CARRIS, cheinho até ao tejadilho.
OK, não percebi.
Como é que alguém que paga um mísero passe social o qual lhe dá direito a passear à Lagardère pela cidade, pode ser tão injusto para com aquela Empresa.
Senão vejamos:

Estação Sta. Apolónia, ponto de partida, logo aqui e ainda antes de entrar para o Autocarro, já dispõe de ampla visão para o Tejo, isto quando o cais de embarque de super cruzeiros está vazio, caso contrário não vê o Rio mas vê Aquelas Belezas flutuantes e super luxuosas que nos deixam de boca aberta a imaginar como será ver o Rio a bordo.
Pode ainda ver a maravilha arquitectónica que é a própria estação, se fechar a boca e olhar para trás.

Primeira paragem
Casa do Conto, uma das mais antigas e tradicionais repartições portuguesas, remonta à Idade Média, criada no reinado de D. Dinis e que fica ali pertinho do jardim do tabaco destacando-se pelo uso do metal e do vidro, proporcionando uma bonita vista para o rio, aqui não há cruzeiros.

Segunda paragem
Alfândega (Arquivo Geral), perto do Largo do Terreiro do Trigo, construção pombalina de 1766, codificado por D. José I, onde se podem ler em lápide, encimando a porta principal, os seguintes dizeres: “para segurar a abundância do pão aos moradores da sua nobre e leal cidade de Lisboa e desterrar dela a impiedade dos monopólios”.

Paragem seguinte
Campo das Cebolas, onde se destaca pela sua história a casa dos bicos, (não se ponham com ideias), situada, a Oeste do maravilhoso Terreiro do Paço, foi construído por D. Brás de Albuquerque em 1523, após ter regressado de uma viagem a Itália, país de onde terá trazido a ideia dos bicos, vulgo becco em italiano.

A seguir
Praça do Comércio, Praça monumental delimitada por três alas e aberta para o estuário do Tejo, é também conhecida como Terreiro do Paço por ter albergado o Paço Real da Ribeira desde o século XVI até ao terramoto de 1755. Aqui também se pode ver o Cais das Colunas, construído aquando da reconstrução da cidade após o grande Terramoto de 1755, assinado pelo Arquitecto Eugénio dos Santos, tendo sido concluído em finais do século XVIII.

Por fim
Cais do Sodré, local de onde partiam as Caravelas para a Índia e agora cacilheiros para a outra banda, que em tempos alguém disse que era um deserto.

Todo este percurso é feito com os mais variados odores, os da rua, os das marés e no interior do 28, o do sovacóide e sulfato de peúga com que por vezes somos ofertados.
Por tudo isto, paga o caro utente a módica quantia do valor simbólico de um passe e mesmo assim ainda há quem proteste com a porra do tempo de trajecto.
Tenham a Santa Paciência.

5 comentários:

.ja disse...

Caro amigo.
Gostei do roteiro, no entanto queria levantar a seguinte questão: Não foi da Torre de Belém, de onde saíram as caravelas para a Índia??? Ehehehehe
A ser verdade, o que aqui se escreveu, temos de propor alteração aos "Luisiadas" e dar porrada no velho do Restelo.
Abraço

AB disse...

Foram escolhidas três naus: a “S. Gabriel”, comandada por Vasco da Gama e tendo como piloto Pêro de Alenquer, a “S. Rafael”, comandada por Paulo da Gama, o irmão mais velho de Vasco da Gama; e a “Bérrio”, nome do respectivo piloto e comandada por Nicolau Coelho. Acompanhou-as, ainda, um navio de mantimentos, destinado a ser queimado em momento oportuno. O rei D. Manuel assistiu, em Belém, à partida da expedição, na certeza antecipada do seu triunfo. Era um sábado, dia 8 de Julho de 1497. Vasco da Gama partia com funções de embaixador, levando cartas régias para o samorim de Calecute, propondo uma aliança política e comercial.

AB disse...

http://nonio.eses.pt/gama/

AB disse...

Torre de Belém
A Torre de Belém foi construída na era das Descobertas (quando a defensa da cidade era de extrema importância) em homenagem ao santo padroeiro da cidade, São Vicente.

Para melhorar a defesa de Lisboa, o rei João II desenhou um plano que consistia na formação de uma defesa constituída por três fortalezas junto do estuário do Tejo. Formava um triângulo, sendo que em cada ângulo se contruiría uma fortaleza: o baluarte de Cascais no lado direito da costa, a de S. Sebastião da Caparica no lado esquerdo e a Torre de Belém na água (já mandada construir por D. Manuel I).

Este monumento está repleto de decoração Manuelina que simboliza o poder do rei: calabres que envolvem o edifício, rematando-o com elegantes nós, esferas armilares, cruzes da Ordem Militar de Cristo e elementos naturalistas.

Com o passar do tempo, e com a construção de novas fortalezas, mais modernas e mais eficazes, a Torre de Belém foi perdendo a sua função de defesa.

Durante os séculos que se seguiram, desempenhou funções de controle aduaneiro, de telégrafo e até de farol.
Foi também prisão política, viu os seus armazéns transformados em masmorras, a partir da ocupação filipina (1580) e em períodos de instabilidade política. Finalmente, em 1983 a UNESCO classificou-a Património Cultural de Toda a Humanidade.

AB disse...

O Estudo Prévio para a Ribeira das Naus tenta cristalizar numa solução contemporânea de espaço público os elementos estruturais mais relevantes da História deste lugar. Dessa síntese, resultam como elementos fundamentais da proposta e do conceito que lhe está subjacente, a revelação de estruturas enterradas, a recuperação da geometria da antiga linha de costa e sua integração no desenho, a reinvenção de elementos funcionais associados ao trabalho de estaleiro (rampas, pontões). Esta atitude de revelação culmina no topo Poente com a possibilidade de utilizar a arqueologia e os trabalhos de escavação na zona do antigo Palácio Corte Real como elementos integrantes do desenho e como função dos novos espaços verdes criados. Em síntese, o projecto aponta como elementos essenciais de revelação histórica as seguintes acções:

* Desaterro da antiga Doca da Marinha (caldeira) e da Doca Seca com a revelação das estruturas pré-existentes de contenção das mesmas, as quais poderão ser completadas e/ou reforçadas caso se verifique estarem danificadas ou incompletas;
* Recuperação da geometria da antiga Ribeira das Naus como limite de transição entre o pavimento em pedra de calcário e o pavimento em basalto;
Construção de dois planos inclinados relvados à imagem das antigas rampas varadouro de lançamento de navios;