sábado, 6 de fevereiro de 2010

Fados d'intigamente

Em Fafe havia um doutor
Personagem de valor
E de génio exaltado

Um dia entrou num restolho
Apanhou um sopapo num olho,
Teve de ser operado.

Quando fez a operação,
Lhe disse o cirurgião
Já bastante comovido,

“Colega tenha paciência,
Mas para bem da sua existência
Tem de usar olho de vidro.”

Quando foi para por o olho
Disseram para o pôr de molho
À noite quando se deitar,

Para que de manhã ele entre
Lá no sítio facilmente,
Sem ter de se magoar.

O patrão disse ao criado
“-Põe um copo bem lavado
Em cima da cabeceira.”

E depois tirou o olho,
Pô-lo no copo de molho
De estimação verdadeira.

Era Verão, estava calor
E o bondoso do doutor
Acordou meio zarolho

E tendo da sede mágoa,
Deitou mão ao copo de água,
- Catrapuz - engole o olho.

E voltou-se a deitar,
Começou a sentir dores,
E a evacuar sem poder.

Era tal o sofrimento,
Com vergonha o doutor
Chamou o criado para ver.

Quando o criado entrou
E seu patrão encontrou
Em certa posição vera:

“Tenha cautela ó patrão,
Porque nessa posição,
Perdeu a Alemanha a guerra.”

“Ó rapaz vê se te ajeitas,
E pelo buraco espreitas:
Qual a dor que me devora?”

O rapaz espreitou com jeito
“Ó patrão é um sujeito
Que está a espreitar cá para fora

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