Em Fafe havia um doutor
Personagem de valor
E de génio exaltado
Um dia entrou num restolho
Apanhou um sopapo num olho,
Teve de ser operado.
Quando fez a operação,
Lhe disse o cirurgião
Já bastante comovido,
“Colega tenha paciência,
Mas para bem da sua existência
Tem de usar olho de vidro.”
Quando foi para por o olho
Disseram para o pôr de molho
À noite quando se deitar,
Para que de manhã ele entre
Lá no sítio facilmente,
Sem ter de se magoar.
O patrão disse ao criado
“-Põe um copo bem lavado
Em cima da cabeceira.”
E depois tirou o olho,
Pô-lo no copo de molho
De estimação verdadeira.
Era Verão, estava calor
E o bondoso do doutor
Acordou meio zarolho
E tendo da sede mágoa,
Deitou mão ao copo de água,
- Catrapuz - engole o olho.
E voltou-se a deitar,
Começou a sentir dores,
E a evacuar sem poder.
Era tal o sofrimento,
Com vergonha o doutor
Chamou o criado para ver.
Quando o criado entrou
E seu patrão encontrou
Em certa posição vera:
“Tenha cautela ó patrão,
Porque nessa posição,
Perdeu a Alemanha a guerra.”
“Ó rapaz vê se te ajeitas,
E pelo buraco espreitas:
Qual a dor que me devora?”
O rapaz espreitou com jeito
“Ó patrão é um sujeito
Que está a espreitar cá para fora
Sem comentários:
Enviar um comentário